terça-feira, 27 de julho de 2010

Confidências I

Nos encalços da vida nos deparamos com algumas situações que engasgam na perplexidade da atmosfera melancólica ou nostálgica, em que um dia fomos antagonista da atuação medíocre, das realidades impostas pela trama mesquinha dos figurões que permitimos abusar de nossos desejos, quando ao refletirmos em momentos de absoluta sofreguidão se houve algo de bom na atual conjectura dos fatos vividos hoje.
Para algumas pessoas o passado deve ser retratado apenas nas galerias de um museu, pois os sofrimentos vivenciados no calor angustiado da solidão apática em meio a multidão que nos ama, não reflete a beleza serena e simples dos delgados afetos que nos levaram a conhecer os obtusos, todavia, magnânimos desejos reprimidos das verdades percebidas nos amantes que abduzimos na consciência, aquelas manifestações de ciúmes, sorrisos, malabarismos e sangrentos desejos de amor.
O pior é que não devíamos ter o alimento fértil e forte desses abusados sentidos, que segundos depois de percorrer as vísceras esmagadas de tesão, nos faz sentir adrenalina  da verdade.
Marisa Monte ao interpretar a musica que narra os relatos o e devaneios da vida de pessoas fracas e fúteis como eu, torna poético o obsceno ato do prazer.
“Bem que se quis depois de tudo
ainda ser feliz mas já não há caminhos
pra voltar e o que é que a vida fez
da nossa vida o que é que a gente não faz
por amor mas tanto faz
já me esqueci de te esquecer porque
o teu desejo é meu melhor prazer
e o meu destino é querer
sempre mais
a minha estrada corre pro seu mar
agora vem pra perto, vem
vem depressa, vem sem fim dentro de mim
que eu quero sentir o teu corpo pesando sobre o meu vem, meu amor, vem pra mim
me abraça devagar
me beija e me faz esquecer"
Nelson Gonçalves
Encontrar a felicidade, esfacelada nas margens dos romances não vividos, ou os desejos sacramentados como orações lamuriosas e solitárias com nossa própria mente.
Essas que alimentamos mesmo quando já temos o acesso a pessoa que o causou em nossa mente.
E até compartilharmos com esse ser, digo em risco próprio, maravilhoso, os desejos e vontades que nos causa, onde percebemos que não há caminhos de retorno a realidade estúpida e frouxa que sabemos ter.
Aí culpamos a vida que nada tem a ver com a escolha ou postura que tomamos, e deixamos de lado a solidão sentimental, pois agora comprometemos a vida de outrem na bizarra cadeia dos pensamentos que trazemos dentro de nós e sonhamos com os momentos em que dois corpos ocupam o mesmo espaço.
Calculamos o preço, o beneficio e desejo que resulta quase sempre no absurdo absoluto onde nada é muito caro, por um beijo, a troca da essência, a alma invadindo o êxtase desse outro ser que nos faz navegar  por um mar interminável de enlevo sustentável . Momentos inesquecíveis onde levamos à mão a boca e por horas a fio sonhamos com aquela parte que não nos pertence, apenas nos agrada.
O pior de tudo é a submissão que nos amarra a essa algema prazerosa e inanimada, onde nada mais é tão sério, e tudo, tanto faz. O esquecimento se torna esquecido e porquê?
Por que sabemos que o que mais desejamos é o que causa prazer a esse indivíduo que há alguns, anos, meses, dias, horas ou até minutos antes nem se quer conhecíamos.
Agora é tão importante que questionamos a nossa importância, diante do que temos para sentir.
Isso não para por aí, pois mais certo que o céu está acima e o mar é salgado, é o destino que nos obriga a invadir o medo, arriscar o maior, percorrer o devaneio da candura carnal que abriu as portas desse caminho espinhoso e doloroso que nos leva a você!
Então quando menos esperamos estamos sem timidez, sem pudor, apenas sussurrando as frases ternas e inigualáveis que causa à saciável sensação de objeto raro,  ser  inconfundíveis, certeza de posse a pessoa que tem em suas mãos.
Provocamos, incitamos e desejamos ser o melhor e maior prazer já vivido nesse momento, a única sensação que queremos viver é o paraíso tépido do gozo aos severos, pesados e reais vividos cai no abismo do esquecimento.
E tudo isso pode ser sonho e se for, por favor, não me acorde...
Aos melhores momentos
Para os melhores ouvintes
A musica da minha razão.

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