sábado, 31 de julho de 2010

Meu Passado é Um Circo de Horrores


Aquele dia a manhã se ergueu com um brilho diferente, a luz entrou pela janela acariciando meu corpo exposto na cama, que me acolheu de forma materna, levantei os olhos para o céu que despontara a necessidade de possuir minha essência em suas algodoadas nuvens.

Respirei fundo. E o ar que até então estava sublime e fresco rasgou minhas entranhas, senti a dor que no passado feriu meu coração, quando havia certeza estar na família da arte. Encontrei repostas para muitas questões nunca respondidas, minha mente retornou no momento em que na condução dividia com você esse histórico, outrora certifiquei está encerrado no castelo dos pensamentos dolorosos das vivências relapsas.

Fiquei sentado na arena desse Circo, que apresentava a representação da mediocridade recebida com felicidade em sentir a arte que pude usufruir.

Comecei a assistir ao espetáculo, onde se deu inicio naquele picadeiro montado dentro do meu espectro humano, deixei meu corpo se distanciar da sua presença humana.

No alto percebi a entrada de um rosto triste que sofreu decepções e frustrações destruindo a beleza e força daqueles braços que no trapézio sustenta nas alturas essas dores, fingiu ser humilde e amante das pessoas que muito lutava para alcançar seus braços, eles estendidos para os poucos que assumiam o risco de confiar em suas mãos, apenas para sentir a brisa do balanço nas alturas, quando estamos apaixonados pelo prazer de nos sentirmos pássaro sob as asas de uma águia forte e altaneira, percebemos estar dentro de uma poça de sangue no chão, recebidos com a cruel e rígida lousa fria da arena. Sim ela havia desaparecido quando acreditávamos ser amiga leal.

Dentro desse desespero já não mais na arquibancada, agora dentro do espetáculo, senti um aroma envolvente e sedutor se aproximar e tocar em meio à escuridão meu corpo, possuindo as partes mais excitantes há encantar a imaginação que flui de uma forma inexplicável e favorável para se despir ali mesmo e deixar ser possuído pelo ectoplasma que agora começou a tomar forma concreta e sedutora em nossa frente.

Ilusionista!!! Como pode em um curto espaço de tempo e de forma tão sapiente falar algumas poucas palavras em canto de ouvido, quando abro os olhos e me vejo em um lugar exuberantemente fascinador, aquela mágica me envolveu de forma a acreditar que estava nos braços do amor, me seduziu, me enlouqueceu, enfureceu meus sentidos e quando imaginei que estava recebendo o melhor que alguém pode me oferecer a nuvem obscura e espessa me submergiu e ouvi por um tempo longo e lento suas gargalhadas roucas, e a mesma magia que me encantou agora atravessava meu peito e senti parte do meu coração ser arrancado. Cai de joelhos novamente a realidade desse palco e o sangue a esvair pelo meu abdômen.

Respiro ofegante tentando assimilar as idéias que agora só me fazem pensar na demência que por um curto espaço de tempo me possuiu, viajo nesse pensamento almejando acordar e perceber que tudo não passou de mera imaginação.

Ouço uma voz calma, doce e ao mesmo tempo rouca acima da minha cabeça, visualizo uma pessoa pequena com extremidades grandes e deformadas, embora seja assustador perceber que não ornam com a voz e a suavidade como anda sobre aquele fio tênue e vago nas alturas, deixo que sua beleza me resgate dessa dor que me sucumbia a alma.

De repente sua canção me faz sentir inteiro como se tudo o que passei não houvesse sentido, observei a maestria com que ele desliza cantando e levando suas notas a apagarem qualquer vestígio de amargura.

A luxuria de toda aquela cena me deslumbrou, a queda de jasmins me inundou de ternura e assombro e ao chegar no fim dessa apresentação percebi ao olhar pro chão a minha volta, todas essa flores eram na verdade rosas brancas manchadas com meus fluidos, pois minha carne estava retalhada e nua.

Agora a vida me fez perceber que suas armadilhas são verdadeiros vícios envolventes enlaçados com todos os poderes ocultos trajados nos humanos encadeados na sociedade, relutante em aceitar a supremacia da ignomínia racional.

Me perguntei se em meio a todas as loucuras, desse espetáculo que causou cicatrizes nas esfinges de minha alma seria apenas para afirmar que o palhaço desse circo era eu?

Larguei a mascara de pierrô abandonado em pedaços no tatame dessa vida cênica que tanto dediquei, a família que seduz com suas artes mais belas, escondendo suas hipócritas verdades e obsessões por ganância e por magia que poucos dadivados podem possuir.   

Virei às costas aos amigos que cativei com esmero, largando ali mesmo a possibilidade de ser feliz na casa da arte que com custo cultivei em amor honesto e fiel apenas com a gana de receber a satisfação em troca do que sou.

Agora nessa pobre carcaça humana,
Lembro apenas da dor
Em deixar para traz
A possibilidade de viver o que nunca serei.
  

Fracasso Pitty

O êxito tem vários pais
Órfão é o seu revés
"Aos que sofrem, por fim o céu"
Abranda a raiva

O que trago sobre os ombros
É meu e é só meu
Sustento sem implorar a benção e o pesar
Mais vil é desdenhar
do que não se pode ter...

Vive tão disperso,
Olha pros lados demais
Não vê que o futuro é você quem faz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça
Atribui ao outro a culpa por não ter mais
Declara as uvas verdes, mas não fica em paz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça

O maestro bem falou
A ofensa é pessoal
Quem aponta o traidor
É quem foi traído

Já sabe o que é cair,
Ao menos tentou ficar de pé
E, vítima de si, despreza o que nunca vai ter
O mais verde é sempre além
do que se pode ver

Vive tão disperso,
Olha pros lados demais
Não vê que o futuro é você quem faz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça
Atribui ao outro a culpa por não ter mais
Declara as uvas verdes, mas não fica em paz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça

terça-feira, 27 de julho de 2010

Confidências I

Nos encalços da vida nos deparamos com algumas situações que engasgam na perplexidade da atmosfera melancólica ou nostálgica, em que um dia fomos antagonista da atuação medíocre, das realidades impostas pela trama mesquinha dos figurões que permitimos abusar de nossos desejos, quando ao refletirmos em momentos de absoluta sofreguidão se houve algo de bom na atual conjectura dos fatos vividos hoje.
Para algumas pessoas o passado deve ser retratado apenas nas galerias de um museu, pois os sofrimentos vivenciados no calor angustiado da solidão apática em meio a multidão que nos ama, não reflete a beleza serena e simples dos delgados afetos que nos levaram a conhecer os obtusos, todavia, magnânimos desejos reprimidos das verdades percebidas nos amantes que abduzimos na consciência, aquelas manifestações de ciúmes, sorrisos, malabarismos e sangrentos desejos de amor.
O pior é que não devíamos ter o alimento fértil e forte desses abusados sentidos, que segundos depois de percorrer as vísceras esmagadas de tesão, nos faz sentir adrenalina  da verdade.
Marisa Monte ao interpretar a musica que narra os relatos o e devaneios da vida de pessoas fracas e fúteis como eu, torna poético o obsceno ato do prazer.
“Bem que se quis depois de tudo
ainda ser feliz mas já não há caminhos
pra voltar e o que é que a vida fez
da nossa vida o que é que a gente não faz
por amor mas tanto faz
já me esqueci de te esquecer porque
o teu desejo é meu melhor prazer
e o meu destino é querer
sempre mais
a minha estrada corre pro seu mar
agora vem pra perto, vem
vem depressa, vem sem fim dentro de mim
que eu quero sentir o teu corpo pesando sobre o meu vem, meu amor, vem pra mim
me abraça devagar
me beija e me faz esquecer"
Nelson Gonçalves
Encontrar a felicidade, esfacelada nas margens dos romances não vividos, ou os desejos sacramentados como orações lamuriosas e solitárias com nossa própria mente.
Essas que alimentamos mesmo quando já temos o acesso a pessoa que o causou em nossa mente.
E até compartilharmos com esse ser, digo em risco próprio, maravilhoso, os desejos e vontades que nos causa, onde percebemos que não há caminhos de retorno a realidade estúpida e frouxa que sabemos ter.
Aí culpamos a vida que nada tem a ver com a escolha ou postura que tomamos, e deixamos de lado a solidão sentimental, pois agora comprometemos a vida de outrem na bizarra cadeia dos pensamentos que trazemos dentro de nós e sonhamos com os momentos em que dois corpos ocupam o mesmo espaço.
Calculamos o preço, o beneficio e desejo que resulta quase sempre no absurdo absoluto onde nada é muito caro, por um beijo, a troca da essência, a alma invadindo o êxtase desse outro ser que nos faz navegar  por um mar interminável de enlevo sustentável . Momentos inesquecíveis onde levamos à mão a boca e por horas a fio sonhamos com aquela parte que não nos pertence, apenas nos agrada.
O pior de tudo é a submissão que nos amarra a essa algema prazerosa e inanimada, onde nada mais é tão sério, e tudo, tanto faz. O esquecimento se torna esquecido e porquê?
Por que sabemos que o que mais desejamos é o que causa prazer a esse indivíduo que há alguns, anos, meses, dias, horas ou até minutos antes nem se quer conhecíamos.
Agora é tão importante que questionamos a nossa importância, diante do que temos para sentir.
Isso não para por aí, pois mais certo que o céu está acima e o mar é salgado, é o destino que nos obriga a invadir o medo, arriscar o maior, percorrer o devaneio da candura carnal que abriu as portas desse caminho espinhoso e doloroso que nos leva a você!
Então quando menos esperamos estamos sem timidez, sem pudor, apenas sussurrando as frases ternas e inigualáveis que causa à saciável sensação de objeto raro,  ser  inconfundíveis, certeza de posse a pessoa que tem em suas mãos.
Provocamos, incitamos e desejamos ser o melhor e maior prazer já vivido nesse momento, a única sensação que queremos viver é o paraíso tépido do gozo aos severos, pesados e reais vividos cai no abismo do esquecimento.
E tudo isso pode ser sonho e se for, por favor, não me acorde...
Aos melhores momentos
Para os melhores ouvintes
A musica da minha razão.