segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Beijo de Alice Parte II


 Ela foi em direção a estação de metro mais próxima a sua casa, mais uma vez  ignorando todos a sua volta, pois ela não gosta da vizinhança.
Entrou na estação colocou seu fone de ouvidos e como sempre foi ouvindo as suas musicas prediletas e conversando com sua amiga, ela adora as mensagens que trocam, sempre a diverte muito, lembra-se de quando era ainda mais jovem e que costumava falar para seu irmão que sempre seria uma eterna criança.
Estranho pensar dessa forma agora, pois sua vida anda tão parada, sente como se tudo a sua volta tivesse simplesmente se tornado uma rotina sem fim, e nesses momentos acredita em si mesma e pensa que pode voltar a ser feliz a qualquer momento.
O metro anda mais devagar que o normal e sabe que isso é apenas para deixá-la mais irritada, até mesmo porque Thalita não para de mandar mensagem xingando ela pela demora.
Mas enfim chega ao seu destino, passa as mãos pelo corpo para se sentir um pouco mais atraente, adora fazer caras e bocas no centro da cidade, pois sabe que as pessoas a enxergam de forma diferente são como se ali naquele local ela realmente tivesse o poder, o poder de cativar e convencer a todos a sua volta, por mais que tenha em sua mente a certeza de que suas amigas além de mais jovens são mais atraentes que ela.
Sai da estação e como sempre é recebida como a Rainha do Nilo, por suas amigas. Não pela sua beleza, ou pela sua forma independente de viver a vida, mas por que entre amigas essa seria a forma de realmente tratar quando gostam uma da outra.
Começam a descer em direção ao Restaurante que também irá levar a nova balada que ela irá conhecer.
Vão aéreas, conversando e reclamando de algumas trivialidades que encontram pelo caminho, rir é o lema dessas três mulheres largadas em uma avenida tão movimentada como aquela e em uma noite tão quente e gostosa.
Basta a brisa bater em seus cabelos para se sentirem mais poderosas e grandiosas do que realmente são. Tudo toma forma diferente. Tudo parece ter mais vida.
Chegam até o entrada do restaurante, Kelly beija as amigas e como sempre a mais sensata pede para que não façam nenhuma besteira.
Aquele momento é como se três irmãs estivessem se despedindo, se torna tão meigo e ao mesmo tempo tão estranho para a cena, mas no fim tudo fica poético.
Thalita com sua forma ousada de colocar as coisas sempre se exibindo para sua mulher mostra que tem características que poucas possuem, é evidente quanto ela gosta dessa menina, sua pele brilha ao seu lado, seus olhos falam como se uma chama ardesse dentro dela, seus lábios parecem ainda mais possantes que realmente são e seu corpo fica ainda mais sedutor.
Maria reclama que precisa beber água, esta tensa e sua cabeça dói muito.
Entram em uma padaria e ela pega uma garrafa de água com gás e uma garrafinha de cerveja,  entram na fila para pagar e uma jovem com traços indígenas começa a falar coisas sem sentido, pega a garrafa que esta nas mãos da namorada de Thalita e bebe como se já se conhecessem a muito tempo, Maria acha o comportamento estranho, mas ri como se estivesse entrando em um mundo mágico, é como ela pensa ser o mundo da noite, onde nada se torna tudo.
E de forma sorrateira não entram na fila, mas conseguem entrar mais rápido que todos, sem nome na lista e com todos os direitos reservados a quem é um VIP, mas ela bem sabe que isso não passa de ilusão, pois deverá pagar o mesmo valor que todos que estão ali.
Nesse momento ela esquece de Carlos que agora deve estar vivendo momentos de muito prazer ao lado de sua ... ela pensa mas não consegue dar um nome, pois não é uma amante, talvez uma parceira, até hoje é muito complicado para ela entender essa relação que ele possui, então resolve deixar para lá e tentar dançar o máximo que puder.
A balada realmente é bonita, tem uma aparência mais noturna que as que costuma ir e é cercada de pessoas de todos os gêneros e estilos.
Já teve relações com outras mulheres, mas nunca pensou que poderia trocar sua relação “estável” por uma totalmente nova e diferente.
Ela inicia a noite com uma dose de tequila e após virar o drink sua mente entra em uma frenesi louca...

meu Deus, nunca imaginei que um dia estaria aqui, nunca cogitei a possibilidade de ficar uma mulher, mas há tantas bonitas aqui e todas dispostas a me darem uma possibilidade, contudo o que vou fazer, nada como sempre, (ri de forma boba) mas não vou negar essa possibilidade.
Gente como as pessoas são alegres nesse lugar, acho que hoje as possibilidades estão ao meu favor, quero muito experimentar do novo, entender que há sempre possibilidades de ser feliz, será que alguém pode ser feliz mesmo?

A noite transcorre de forma louca, intensa e cheia de surpresas, Thalita discute com sua namorada e vai para área de fumantes com Maria, lá elas discutem sobre os fatos, nisso Maria não imagina que em meio a tanta discussão está sendo observada por uma garota linda, olhar angelical, pele macia, cabelos perfeitamente penteados e lábios que mais parecem pêssegos maduros.
Nisso ela volta para dentro e vê que Thalita está arrasada, pois sua namorada está agarrada a um homem, aparentemente bonito, seus braços envolvidos ao pescoço do moço, suas bocas sedentas como se há muito precisasse de água, percebe o rapaz modelar com as mãos todas as curvas dessa moça que roubou o coração da sua amiga, Maria quieta e perplexa com essa atitude desvairada de como se ela se comportasse como uma bêbada.
Thalita  não consegue simplesmente ficar olhando, então vai em direção a ela, toca em seu braço, o rapaz imediatamente volta para seus amigos com uma risadinha de deboche no rosto enquanto elas discutem, Thalita com sentimentos totalmente feridos e sua namorada rindo como se fosse apenas resposta a uma loucura causada pelo garanhão com quem estava aos beijos.
Vão as três para o meio da balada e Maria não querendo se envolver e já chateada por sua noite não está sendo uma das melhores, quando percebe a menina que estava na área de fumantes observando ela agora olhar em sua direção.
Maria meio sem graça responde a seu olhar e abaixa os olhos e solta um sorriso daqueles de canto de boca, mas cheio de intensão, quando sem imaginar a menina corresponde, ela tenta se aproximar daquele ser angelical que invade sua alma com um olhar extremamente penetrante e nesse momento Thalita começa a reclamar de todos os problemas que já aconteceram até ali, Maria tenta a muito custo dar a devida atenção a sua amiga mas esta presa nesse olhar encantador, quando sem entender o que está acontecendo recebe um beijo quente e abrasador desse anjo.

Meu corpo estremeceu em seus braços, deixei que minhas mãos percorressem todo o seu corpo e minha mente viajou nesse beijo que começou a me levar para um paraíso que jamais imaginei estar, sentir o calor subir pelas minhas pernas e nossas pernas começaram a roçar de forma a me deixar enlouquecida e um liquido morno e enlouquecedor percorre dentro de mim como se todo o interior dos meus genitais estivessem em movimento.

Maria olha mais uma vez nos olhos daquele ser de outro mundo e sente que sua alma fica totalmente perdida em tamanha imensidão, como se tudo a sua volta não existisse mais e apenas vai até ou ouvido delicado daquela moça e pergunta seu nome:

  Alice.

Em seguida Maria pergunta:

Posso pe-pegar seu celular?

Ela confirma e Maria eufórica anotou o número do celular de Alice, dando um ultimo beijo naquela boca maravilhosa deixando claro que iria entrar em contato assim que fosse possível.
Olhou para trás e sem acreditar ficou pensando que talvez sua vida estivesse tomando um rumo diferente, seria isso realmente possível?

domingo, 13 de janeiro de 2013

O Beijo de Alice Parte I


Nove horas da manhã, sábado e Maria acorda bem, ela se levanta e vai fazer algo para tomar café, pega o bule e coloca água para ferver, enquanto a água está a esquentar ela vai preparando o pó em outro recipiente e já adoça para não ter o trabalho depois de coar o seu café. Ela observa o calor formar bolhas dentro do bule onde a água esquenta e sua mente começa a fazer algumas associações a sua vida.
O tempo para em frações de segundo, sua mente idealiza naquele momento seu estado de espirito, percebe que sua idade já não é mais eufórica e que muito do que poderia ter vivido, não será mais possível diante das decisões que tomou, sabe que não tem porque se arrepender, mas também pensa que era muito imatura e viveu muito com base em seu coração, não analisou os lados negativos, embora quando mais jovem fosse extremamente medrosa e pessimista, sempre acreditou ficar sozinha e não ter alguém que a amasse a ponto de findar os dias ao seu lado, hoje já seria um alivio não ter mais ninguém.
Percebeu também que muito do que hoje acontece em sua vida foi devido a não ter percebido o quanto seu prazer e suas escolhas também deveriam ser consideradas e partilhadas em sua relação que hoje não mais a mesma, se é que ela pode chamar de ralação a forma como vive.
Ela não deixou em nenhum momento de acreditar no amor, mas para ela hoje o amor tomou outra forma, ele é importante quando iniciado com ela mesmo.
O bule treme em cima do fogão, ela volta a sua realidade e percebe que precisa coar seu café ou logo mais deverá por mais água para ferver, pega um pano e no cabo do bule ela vira a agua sobre o pó que muda de forma exalando um aroma fantástico, daqueles que mesmo que não gosta do sabor do café ficam estonteados.
Percebe a medida que a água toma cor escura que sua vida passou pelo mesmo processo, onde a medida que a água quente encorpa o pó e faz com que seu aroma sobe de forma gasosa até sua narina, da mesma forma como o calor de seus problemas passaram pelo filtro do seu coração tornando assim aquele pó que estava em suas veias trouxessem para o seu exterior tudo aquilo que escondia de si mesma e que a tornava ainda mais bonita, quanta dor, como devagar foi esse processo, e quantas perdas teve que sofrer para perceber que a decisão de viver era sua.
Pega um saco de biscoitos e senta em seu sofá, liga a televisão e começa a usufruir daquele delicioso liquido preto que desce em sua garganta como néctar, faz sua primeira refeição de forma vagarosa e esvazia de sua mente todos os desejos, sonhos e pensamentos irrelevantes.
E sem perceber termina seu café se deita e cai no sono...

                Que caminho longo, o sol arde muito mas o aroma dos jasmins me fazem ter uma calma que nunca experimentei, gostaria apenas que houvesse uma nuvem para aliviar esse calor que me faz desejar uma sombra para descansar.
                Vejo a minha frente um homem de branco que me chama em sua direção, ele quer me dizer algo, é como se toda a minha estrutura estivesse totalmente reluzente, sinto uma energia absurda sair de dentro do meu coração, e por fora percebo vestir um lindo vestido branco, mas por algum motivo não muito claro está manchado nas extremidades como se muita lama estivesse ao meu caminho, o que é difícil de explicar uma vez que o calor é tanto, a estrada é árida e sem sinal de chuva ou poças que possam justificar essas manchas.
                Olho através do borrão daquele homem que se mantem sereno a minha frente com as duas mãos estendidas em minha direção, ele ressoa como um sussurro para que eu vá ao seu encontro, em uma situação normal deveria temer tão imagem, mas não consigo sentir medo, ele carrega uma paz que é complexa para explicar.
                Deixo me levar como se flutuasse e ouço um som que vem dos arbustos antes nem percebidos por mim, como se ninfas estivessem cantando e tocando harpas ao meu redor, adentro uma luz tão forte que sinto tudo a minha volta escurecendo devagar e o homem que antes era desforme a minha frente vai tomando uma forma realmente mais linda, tão linda que se torna ainda mais difícil descrever.
                Aproximo-me desse lindo rapaz e percebo que todo aquele ardor desaparece e uma brisa fresca nos envolve, o delicioso cheiro de jasmim silvestre fica mais intenso, e tudo fica ainda mais magico, ele me abraça devagar como se fossemos amigos a muitos anos, ele segura minhas mãos olha em meus olhos e me diz:
                “Graciosa, há quanto esperei para que pudesse vir ao seu encontro para dar-te a oportunidade de observar a exuberância de tua benevolência, és agraciada por ser abençoada com tamanha humanidade e hoje evoluíste há um nível tão grandioso que podes inicia a tua missão”.
                Não consigo entender, quando tento perguntar o que esta acontecendo, milhões de imagens rodam a nossa volta, todas são como seleções de momentos muito bons e muito ruins que já vivi, de uma forma cada vez mais acelerada a ponto de me perturbar percebo que estou dentro de um túnel que me levaria para o céu mas que não me tira do lugar e isso me deixa bêbada como se fosse tudo uma loucura de minha cabeça, Onde estou é a única pergunta que eu faço...

Maria olha o relógio e são quinze horas, não entende como pode dormir tanto em um sábado, olha a sua volta e sua casa está uma balburdia, ela se levanta quase sem forças e não se lembra de nada que aconteceu, fica meio revoltada em estar nessa vida e deixa seu corpo alimentar suas ideias.
Sente uma vontade absurda de ter alguém com ela ali, queria um carinho, deseja um beijo quente e lembra-se que havia um rapaz que estudou com ela, tenta ligar para ele e saber o que ele está fazendo.
Ele atende e seu alô a deixa totalmente eufórica, sua mente entra em uma viagem absurda e muito quente, a medida que conversam ela fecha os olhos e sente como se ele estivesse ali bem ao seu lado a deslizar seus lábios por sua nuca e fazendo com que sinta cala frios por todo seu corpo, sente aquelas mãos fortes e quentes desabotoar sua camisa de seda e entrar pelo seu seio acariciando de forma excitante e prazerosa e  sem pensar muito no que estão conversando ao telefone ela o convida a fazer uma visita.
Ele se sente totalmente impotente quando ele diz que não poderá, pois está de partida para uma viagem de negócios e que precisa terminar de colocar em ordem toda a sua agenda e malas.
Ela pede desculpa pelo inconveniente, mas fica muito feliz quando ele apenas informa que em seu retorno gostaria de marcar um café para conversarem melhor e poderem ficar um pouco juntos, já deixando claro quais eram as intensões do convite feito a pouco por Maria.
Ela desliga o telefone, liga o som e começa com a faxina em sua casa, não pensa em fazer nada, além do mais Carlos disse que voltaria hoje para casa, não que isso a anime muito, pois sabe que ele irá chegar, sentar em sua poltrona, pegar seus livros de direito e se dedicar em mais uma defesa, e ela mais uma vez irá ficar sentada no sofá olhando ele e pensando como ele pode tratar sua vida da mesma forma como trata seus casos, como pode justificar toda a monotonia de seu casamento com argumentos para defender as ideias loucas que passam na cabeça dele.
Ela percebe que se casou com um homem racional com pouquíssimos sentimentos, que jura amor eterno a ela, mas que vive diversas vidas em sua aventuras sexuais já ignoradas por ela.
Quinze para as vinte e duas e nada de Carlos, ela liga para ele e não fica surpresa quando ele pede desculpas mas que não poderá voltar para casa, e ainda a incentiva para ligar para uma de suas amigas para saírem juntas a fim de que Maria não fique em sua monotonia.
Ela desliga o telefone com um beijo e um te amo, que ainda não consegue definir se é rotina ou amor verdadeiro e liga para Kelly, sua melhor amiga.
Kelly uma mulher independente, sempre em busca de aventura que tem muito medo de todas as frustrações que já causaram em todas as suas relações, certa de que não pode viver um amor daqueles de cinema mas que presa todos os sentimentos em que vive, fala para ela que não poderá sair aquela noite, pois irá fazer um trabalho como garçonete um restaurante bem conceituado da cidade, mas pede para que ela ligue para Thalita que vai sair com sua namorada para uma baladinha nova no centro.
Maria fica impressionada com aquilo, mas decide que não é uma má ideia, sair um pouco do convencional e conhecer um novo ambiente e liga para Thalita, que é uma grande amiga dela,  mas como ela as vezes é um pouco complicada fica meio temerosa.
Porém essa noite ela não teme, algo dentro dela diz que será uma grande noite e que muitas coisas pode acontecer e fica até empolgada, fica ainda mais feliz quando Kelly manda uma mensagem dizendo que irá encontrar as duas no centro para de lá ir para o restaurante, mas antes ela deseja cumprimentar as amiga.
Maria corre para o banheiro, toma um banho gostoso, veste a sua melhor langerie e não se preocupa muito em que roupa vai vestir, prende seu cabelo, faz uma maquiagem basica e usa um dos perfumes que mais gosta, da um beijo em sua gata e fecha a porta.
Sera que realmente aquela noite será tão especial como ela imagina ser ?